Escrever é difícil
Grandes escritores como Rubem Braga, Carlos Drummond de Andrade ou mesmo Clarice Lispector criaram textos, discursos, sobre a dificuldade de escrever.
Rubem Braga colocou em linhas brandas: “[...] eu tanto precisaria dizer tantas coisas, e não sei dizê-las. Esta é a terceira ou quarta vez que ponho o papel na máquina e começo a escrever, mas sinto que as frases pesam ou soam falso [...] e a escrita sai desentoada com o sentimento”.
Carlos Drummond de Andrade, sobre a própria dificuldade de redigir, escreveu: “[...] aí está você, casmurro e indisposto para a tarefa de encher o papel de sinaizinhos pretos [...] fica em sua cadeira, assuntando, assuntando... Então, hoje não tem crônica”.
Clarice Lispector, refletindo entre um sinalzinho preto e outro, afirmou: “[...] A língua portuguesa é um verdadeiro desafio para quem escreve. Sobretudo para quem escreve tirando das coisas e das pessoas a primeira capa do superficialismo”.
O que é comum nos textos acima, além de que todos eles comentam a difícil tarefa de escrever, é que reproduzem um discurso presente na memória de qualquer pessoa, mesmo aquelas que não têm por hábito a escrita. Ora, se é memória reproduz um momento, uma experiência que é comum, como a compartilhada por Drummond sobre o difícil ofício da escrita, em que “as letras vão se reunindo com igual indiferença pelo que vão dizendo”.
O fato é que a escrita, a meu ver, nasce melhor quando os tais sinaizinhos pretos estão mesmo vivos, um em relação ao outro; assim dotados, são em si também os sentimentos de quem os criou.
Iacoe Michaela
Enviado por Iacoe Michaela em 31/03/2017
Alterado em 20/12/2017
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