O "r" retroflexo
Ainda que haja inúmeras formas de falar dentro de um mesmo idioma, não importa de onde você seja, todas as formas são socialmente significativas.
Logo que uma pessoa começa a falar facilmente se identifica a sua origem. Isto é, se é um gaúcho, um carioca, um paulista etc. Mas, por que isso acontece? Ocorre porque o uso de uma determinada variante linguística marca a inclusão num dado grupo social. Infelizmente, há um julgamento social que dissemina a ilusão quanto à pronúncia considerada certa, errada, bonita ou feia.
Algumas formas de falar são mais prestigiadas do que outras. No interior do Brasil, o “r” retroflexo é comum em algumas regiões, contudo na capital paulista o ouvinte “reclama” ao ouvir palavras cuja pronúncia veicule tal variante, como em “porta” ou “Borges”. Mas, vale ressaltar, que se numa dada comunidade uma forma de falar é desprestigiada, noutra pode não sê-la.
O “r” retroflexo, comum no interior do estado de São Paulo, é a forma de prestígio nos Estados Unidos. A pronúncia padrão norte-americana utiliza o “r” retroflexo – o caipira – em contexto pós-vocálico, como em car “carro”, card “cartão”, floor “piso” e fourth “quarto”. Aliás, como forma padrão de pronúncia, é reconhecida internacionalmente nos vários países cuja língua é o inglês.
Portanto, escarnecer de alguém por causa da variante linguística utilizada, como nos lembra Fiorin, é antes zombar do próprio ser da pessoa. Demonstra-se preconceito e dificuldade de conviver com as diferenças.
*Para mais informações leia o texto “Língua e variação” de Ronald Beline Mendes. In: FIORIN, José Luiz (Org.). Linguística? Que é isso? São Paulo: Contexto, 2013. p. 111.
Iacoe Michaela
Enviado por Iacoe Michaela em 09/04/2017
Alterado em 20/12/2017
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