vem não sei como e doi não sei porque
(V)ejo que não vês meu desassossego,
(E)nquanto te entreténs com novidades
(M)uito mais prazerosas que as havidas.
(N)ão te afastes, porém, destes meus ais,
(A)mor que a vida fez de mim distante,
(O)culto ora da vista e da lembrança.
(S)ê, ao contrário, atento aos lamentos
(E) -- por que não? -- sensível aos louvores,
(I)gual eras comigo antigamente.
(C)om certeza, esqueceste aquele tempo
(O)u ainda o apagaste da memória.
(M)esmo diante de grandes esperanças,
(O)uço senão desculpas de teus lábios!...
(E)m vão -- dizes -- amaste e foste amada...
(D)evo seguir em frente a qualquer custo,
(O)bscurecida pelas sombras da noite,
(I)nterpretando só sinais dispersos:
(N)ovas verdades para antigas dúvidas,
(A)dmitidas embora a contragosto
(O)nde via fantasias fabricadas.
(S)into-me toda ausente já da vida,
(E)nquanto tu me esqueces pouco a pouco
(I)nvariavelmente ávida de amores.
(P)atéticos talvez sejamos todos...
(O)utra vez assentados na calçada
(R)ealizando que naquela hora
(Q)uase no fim de um dia sem ilusões,
(U)sando, todavia, de artifícios
(E)nquanto o sol se põe em meio aos prédios.
Iacoe Michaela
Enviado por Iacoe Michaela em 07/08/2018
Alterado em 07/02/2019
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